segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma Jovem de 165 anos!


Os aniversários são momentos de muita alegria, gratidão, celebração e valorização das pessoas. Ontem minha sobrinha mais velha completou 15 anos. Magda é uma simpática e educada jovem, sempre rodeada por muitos amigos. Entre suas qualidades mais apreciadas se encontram o gosto pela leitura, o senso de humor, a simplicidade e o altruísmo. Ela também está consciente de sua missão no mundo e de seu papel como porta-voz de uma nova geração que deseja mudanças. No domingo os familiares se reuniram agradecer pela vida de Magda, reafirmando seu valor para cada um de nós.

Outra jovem também está aniversariando esses dias. A data em que ela nasceu é 22 de outubro. Mas, diferente de Magda, ela completa 165 anos! Através desse artigo vamos conhecê-la, rever sua trajetória, analisar suas características e missão no mundo pós-moderno.

No último dia 22 a Igreja Adventista do Sétimo Dia completou 165 anos. É dessa jovem que estou falando. Chamou-a de jovem por duas razões: Primeiro porque em comparação com as igrejas protestantes tradicionais é relativamente nova. Segundo porque “a mocidade é medida não tanto pelas folhas do calendário, como pela elasticidade do espírito.”[1] “juventude não é um período da vida...ninguém fica velho por ter vivido um certo número de anos. Só se envelhece quando se abandonam os ideais.”[2] Embora falem de juventude humana, esses textos podem ser aplicadas a Igreja Adventista. A meu ver ela segue com um espírito excelente, e vive ainda seus nobres ideais. Durante o mês de outubro a família adventista mundial estará reunida em diferentes lugares para celebrar a vida da Igreja, louvando a Deus por sua obra e reafirmando sua importância na vida de cada fiel.

Quando A Jovem era Criança

Atualmente a “Igreja de Deus na Terra” é formada por muitas línguas e nacionalidades, muitos usos e costumes, “bem como diferentes níveis sociais, culturais e econômicos.”[3] Os mais de 15 milhões de adventistas estão presentes em 2008 países, constituindo “ uma igreja multicultural que congrega pessoas das mais variadas etnias. Essa diversidade de aparências e de culturas se acha unificada em uma mesma esperança-a segunda vinda de Cristo em glória e majestade.”[4]

Quem lê essas palavras não imagina o humilde início. Tudo começou com uma pequenina igreja em um único país, formada por oito pessoas que falavam a mesma língua, mas mantinham a mesma esperança. Embora com a língua falassem o mesmo idioma (inglês) com o coração pregavam a mesma esperança, a parousia.

O fim do século 18 e o início do 19 viram um reavivamento mundial de interesse nos ensinos sobre a segunda vinda de Cristo. “Muitos intérpretes protestantes ficaram convencidos, mediante estudo das profecias bíblicas, de que Cristo voltaria provavelmente ao redor da década de 1840... o batista Guilherme Miller, de Low Hampton, Nova Iorque”[5] fundador e maior expoente do Adventismo nos EUA[6] “começou a pregar suas idéias em 1831” e teve a adesão de vários “líderes evangélicos”, transformando “o Milerismo em um dos movimentos religiosos mais influentes na América do Norte daquela época.”[7]

A base do Adventismo era Daniel 8:14: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o Santuário será purificado”. Como um dia profético equivale a um ano literal (Números 14:34; Ezequiel 4:5, 6) e o período começa no ano do decreto da reconstrução de Jerusalém (Daniel 9:25/457 a.C.) descobriu-se que se estenderia a 1844 quando o Santuário, que se acreditava ser a Terra seria purificado pelo fogo da segunda vinda de Cristo.[8]

Como Jesus não veio, “o grande desapontamento” dividiu o movimento em várias direções. Após estudo profundo das Escrituras, um pequeno grupo conclui “que o término das 2.300 tardes e manhãs apontava não para a segunda vinda de Cristo, mas para o início de uma nova fase no sacerdócio de Cristo no santuário celestial (Daniel 7:9-14; Apocalipse 11:14) bem como para o começo da proclamação das três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12”[9].
Surgia com um punhado de crentes oriundos do movimento milerita (liderados pelo casal Tiago e Ellen White e José Bates) o “movimento adventista sabatista” que, em 1860 adotou o nome “Igreja Adventista do Sétimo Dia” e em 1863 organizou-se através da Associação Geral para levar o “evangelho eterno a cada nação, e tribo e língua e povo.” (Apocalipse 14:6). Como escreveu Victor Casali, “quem levou a causa da segunda vinda a seu clímax, foi Guilherme Miller. E a Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu de seu movimento de extraordinário alcance.”[10]

Após espalhar-se pelos EUA e América do Norte a mensagem adventista, até o final do século XIX, alcançou os continentes europeu, australiano, africano e asiático[11]. Nesse mesmo período chegou ao Brasil, onde temos a maior população adventista mundial. A mais de um século e meio os adventistas anunciam a bendita esperança cristã.

Quem é esta Jovem?

Dois conceituados eruditos adventistas declaram que a Igreja Adventista tem grande relevância dentro do Cristianismo:

Para o teólogo Alberto R. Timm ela é “um movimento profético comprometido com a exaltação da pessoa e obra de Jesus Cristo e com o processo de restauração final dos ensinos bíblicos.”[12]
O livro do apocalipse corrobora essa afirmação, quando diz que a manifestação da igreja no tempo do fim guardaria os “os mandamentos de Deus” e teria “a fé de Jesus” (Apocalipse 12:17).

A igreja de Deus tem oferecido Jesus às multidões que anelam um Salvador, restaurando também seus principais ensinos a cristandade. Como a fênix mitológica, ressurgiu após o grande desapontamento, e das cinzas de uma amarga decepção, restaurou a verdade jogada por terra pelas tradições humanas, oferecendo ao mundo a verdade “tal como ela é em Jesus” (Efésios 4:21).

Já para o editor e escritor Clifford Goldstein “a Igreja Adventista do Sétimo Dia é a igreja remanescente da profecia bíblica, e... nossa mensagem é a verdade presente... movimento mais importante desde a Reforma Protestante.”[13]

A Igreja Adventista, a despeito de toda sua estrutura organizacional, é mais bem definida como um movimento. Embora siga o princípio de “ordem e decência” se vê como o anjo que voa rapidamente pelo meio do céu, tendo o evangelho eterno para pregar aos moradores da terra (Ver Apocalipse 14:6). Assim como os heróis da Reforma, os membros da igreja têm, de maneira rápida, espalhado a mensagem do evangelho a multidões desejosas de aprender.
Embora não sejam exclusivistas com respeito à salvação, os adventistas crêem baseados em evidências bíblicas, ser o povo de Deus na atualidade, “a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (I Timóteo 3:15)

A Missão dessa Jovem

A comemoração do aniversario da igreja acontece em um momento de grandes projetos missionários de alcance mundial. Um deles é uma mega-campanha com o orador internacional Mark Finley, transmitida do Brasil em português e da Bolívia para os países hispanos[14] durante os meses de outubro e novembro, respectivamente. Esse projeto começa quando o “Siga a Bíblia” se despede do Brasil. O povo da Bíblia preparou uma grande Bíblia escrita em vários idiomas que circula o globo, para manter viva entre a comunidade internacional o amor a Palavra de Deus. A viagem culminará com o congresso mundial da Igreja em 2010 nos EUA.[15] Outro projeto de dimensões mundiais é a distribuição de literatura cristã através dos membros da igreja. O livro da vez chama-se “Tempo de esperança”, escrito por Mark Finley, que segue a distribuição em massa de “Sinais de Esperança” (Alejandro Bullón), Caminho a Cristo e O Grande Conflito (ambos de Ellen White).

Esses e outros projetos que estão sendo levados a cabo em diferentes lugares, alguns com pouca visibilidade, outros recebendo cobertura da imprensa, são manifestações do desejo da jovem adventista concluir uma obra começada a 165 anos. Ellen White escreveu que “a Igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir e sua missão é levar o evangelho ao mundo.”[16]
Conclusões

Apesar de já ter mais de um século e meio, a jovem Igreja Adventista não perdeu nada de sua vitalidade. Pelo contrário, à medida que nos acercamos da volta de Jesus, ela parece mais saudável, mais forte e disposta a testemunhar desse grande acontecimento. Porque sabe que “estamos em direção ao Lar. Um pouco mais e a luta findará! Possamos nós, mesmo em meio aos conflitos, manter a visão das coisas jamais vistas - do momento em que o mundo for revestido da luz celestial, quando os anos transcorrerão repletos de felicidade, quando as Estrelas da alva juntas cantarão e os filhos de Deus regozijarão com Ele. ‘Não haverá mais pecado nem morte.’’Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão adiante...’vamos ‘prosseguir para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.’”[17]
Ribamar Diniz (Bacharel em Ciências da Religião e estudante de Teologia na Universidade Adventista da Bolívia)

Referências

1. S. Julio Schwantes, Colunas do caráter, (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1980), 86.
2. Ibid. 87.
3. Rubens Lessa, Revista adventista, agosto de 2000, pág.2. Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, São Paulo.
4. Revista adventista, agosto de 2000, pág.29. Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, São Paulo
5. (Revista Adventista, junho de 2002, pág.8.
6. George Night, Uma Igreja Mundial (Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, São Paulo, 2000), pág. 9-24.
7. Revista Adventista, junho de 2002, pág.8. Segundo Victor Casali, 300 ministros se uniram a Miller. Chegaram a ter auditórios de 15.000 pessoas. Editaram umas 50 revistas diferentes, com uma tiragem total de 5.000.000 em 1844. Mais de 50.000 pessoas aceitaram a mensagem da volta de Jesus. Revista adventista, agosto de 1994 (Tatuí: São Paulo, 1994), pág.8. Já Alberto Timm afirma terem sido 200 ministros ordenados e aproximadamente 2.000 pregadores voluntários, chegando o adventismo a ter 50 mil e 100 mil adeptos formais, além de um milhão ou mais de espectadores cépticos. Revista Adventista, junho de 2002, pág. 9.
8. Ellen G. White, Ver O Grande Conflito, capitulo 23.
9. Revista Adventista, junho de 2002, pág. 8,9. Na manhã de 23 de outubro, Hirão Édson, ao cruzar um campo de trigo compreendeu que, naquele ano Cristo não retornaria a terra, mas passava do lugar santo para o santíssimo do santuário celestial e fazia surgir um movimento para profetizar “a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.”(Apocalipse 10:11).
10. Victor Casali, Revista adventista, agosto de 1994 (Tatuí: São Paulo, 1994), pág.8.
11. História de nossa Igreja, capítulos 39-48.
12. Alberto R. Timm 4. Alberto Timm é Ph.D., diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White do Brasil, diretor do Centro Nacional de Memória Adventista e Professor de Teologia no Instituto Adventista de Ensino – Campus 2 (Citado em A Chegada do Adventismo ao Brasil, Michelson Borges, Depoimentos)
13. Clifford Goldstein, 1844, Uma Explicação Simples das Principais Profecias de Danil. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP, quarta edição, 2001, pág.7, 11.
14. Detalhes em www.futuroesperanca.com
15. Maiores detalhes em
www.sigaabiblia.com
16. Ellen White, Atos do apóstolos, 09.
17. Ellen White autografava esta dedicatória em cada livro que cedia.Encontrei em um marca-texto.

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