segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Juazeiro do Norte comemora 40 anos da estátua do Padre Cícero


A romaria dos finados (a maior do ano) tem um atrativo especial em 2009 na cidade de Juazeiro do Norte, no nordeste brasileiro. É que além das atividades rotineiras nas igrejas, visitas aos túmulos e outros locais considerados sagrados os fiéis comemoram quatro décadas da edificação do monumento mais importante para eles: a estátua do Padre Cícero, fundador da cidade (a segunda maior do Ceará) e mito religioso no Nordeste.

Em entrevista num canal local, o idealizador da estátua, o Dr. Mauro Sampaio comentou como surgiu a idéia de se construir essa obra quando era prefeito da cidade em 1969. Ele mencionou que recebeu a visita de um beato chamado “o beato da cruz” que lhe tornou conhecido um antigo desejo do Padre Cícero quando ainda era vivo. Construir um cruzeiro na colina do Horto. Na hora respondeu: “Já existem tantos cruzeiros, porque não fazer uma estátua do Padre Cícero?” O Dr. Mauro Sampaio diz que a idéia surgiu na hora. E, no alicerce de uma igreja começada por Padre Cícero, foi levantado uma das maiores monumentos do mundo. Ainda segundo o político houve muitas dificuldades que tornavam a empreitada naquela época praticamente impossível, “mas tivemos sorte”, disse. E com a estátua as multidões cresceram na visitação a Juazeiro “graças às virtudes do Padre Cícero”. (Entrevista na TV Verde Vale programa Cidade Urgente, no dia 31 de outubro de 2009)

O que pouca gente sabe é que a época da construção da estátua coincide com o ano da formação do primeiro núcleo de fiéis adventistas do sétimo dia da cidade. 1969 foi mais do que qualquer outro decisivo para a futura Igreja Adventista que se estabeleceria ou não no município. Em 29 de dezembro do ano anterior se haviam batizado Manoel Ludugério, sua esposa e seu filho Gilberto. Através do seu trabalho muitos se agregaram ao grupo já nos primeiros meses de 1969.

No ano em que Deus começava a levantar seu povo em Juazeiro à estátua foi construída para atrair a atenção. Até aí as pessoas mantinham sua admiração na figura do Padre Cícero de maneira mais subjetiva (embora já usassem fartamente as imagens e outras representações, como diz esse site). Agora algo concreto estava sendo edificado para tornar mais real essa devoção. Por “coincidência” a imensa estátua começou a ser construída no mesmo tempo em que
os primeiros juazeirenses aceitaram a mensagem adventista e começaram a proclamá-la.

No dia primeiro de novembro foi inaugurado o monumento. Na época “o terceiro do mundo depois de Cristo Redentor na Guanabara e a estatua da Liberdade na América do Norte.” (Pe. Cícero Romão Batista, Amália X. de Oliveira. Pág.22,23). Foi conseguida uma posição estratégica na serra do Horto, que tem 600 metros de altura. A estátua tem 27 metros.

Manoel Ludugerio e filhos em 1964

Hoje, a estátua "apresenta estado de conservação preocupante. Em algumas partes, as rachaduras são visíveis e necessitam com urgência de reforma, mas apesar da preocupação das pessoas que visitam o local, os responsáveis pela manutenção da estátua dizem que o monumento é seguro para quem o visita" (www.tvverdesmares.com.br)

Tal monumento foi levantado para ser visto. Praticamente de qualquer ponto da cidade se avista a estátua. Mas apesar disso a mensagem adventista com toda a sua simplicidade ganharia muitos adeptos naquele ano, e por ocasião da inauguração muitos já haviam descido as águas batismais, e a partir dali, só olhariam a imensa estátua como admiradores da sua bela arquitetura.

Os adventistas seguem sua trajetória na cidade. Respeitosos pelo patrimônio público, conscientes do valor histórico do monumento, mas pregando a mensagem bíblica de que não devemos fazer “imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque Eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20:4-6).

Ribamar Diniz (Bacharel em Ciências da Religião e Estudante de Teologia na Universidade Adventista da Bolívia)

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