segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Passeio com os Desbravadores em um Geopark da Unesco

Após a conferência Eco 92 no Rio de Janeiro houve uma crescente conscientização sobre a importância da conservação do planeta. Os governos e a iniciativa privada foram incentivados a alcançarem seus objetivos com base no desenvolvimento sustentável. Várias áreas no mundo foram escolhidas para servir de redutos de proteção ambiental, pesquisa científica e conservação da cultura: são os chamados geoparks.

Um geopark "é uma área com expressão territorial e limites bem definidos, que contem um número significativo de sítios de interesse geológico com particular importância, raridade ou relevância cénica/estética, com muito interesse histórico-cultural e riqueza em biodiversidade. Estes sítios que reportam a memória da Terra fazem parte de um conceito integrado de protecção, educação e desenvolvimento sustentável" (veja o site)
Nas Américas existe apenas um geopark. Está situado no nordeste do Brasil, no Estado do Ceará. Chama-se geopark Araripe, foi reconhecido pela Unesco em 2006 e é composto por 9 geotopes. "O conceito do Geopark Araripe está baseado no estabelecimento de uma rede de Unidades de Conservação da Natureza, que se estendem por uma área de mais de 5.000 Km2, abrangendo seis municípios diferentes da região" (veja o site), permitindo uma compreensão da estrutura atual da Bacia Sedimentar do Araripe e da história da Terra.

Este domingo tive a oportunidade de visitar pela segunda vez um dos pontos do geopark Araripe. O geotope Arajara foi escolhido para um passeio do clube de Desbravadores Águia de Ouro, da cidade de Juazeiro do Norte, ao sul do Ceará. Eu e minha esposa temos uma identificação muito forte com o clube Águia de Ouro. Ambos servimos como diretores nos seus primeiros anos. O clube de Desbravadores é uma organização promovido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia para crianças e adolescentes de 10 a 15 anos, visando seu desenvolvimento físico, mental e espiritual (conheça o site oficial).

Chegamos cedo na Igreja Adventista do bairro Pio XII e junto com um grupo animado de 25 juvenis viajamos meia hora até a cidade de Barbalha. Durante o trajeto as crianças, dirigidas por José Dílson (diretor do Clube) manifestaram toda sua alegria cantando músicas espirituais, brincando de trava-línguas e outras diversões. A viagem de 14 quilômeros foi bem curtinha. A melhor coisa pra fazer numa viagem é cantar, contar piadas, ouvir boa música. Alguém um dia sugeriu que viagem de adventista (e eu diria de qualquer pessoa) é brincar "escolhendo a paisagem mais bonita", e outras atividades relaxam e tragam alegria e união.

Ao chegar entramos no parque e foram dadas as orientações para o dia. José Dílson esclareceu que "a natureza é a casa dos bichos. Aqui eles podem gritar e fazer o que quiserem. Porque é a casa deles. Mas nós não. Nós temos que respeitar a casa dos bichos." Orientou ainda que deveríamos "deixar no parque apenas pegadas, levar apenas lembranças e matar apenas o tempo". A mais de cinqüenta anos milhões de juvenis do mundo inteiro são ensinos pelo Clube de Desbravadores a colocarem em prática as lições da Eco 92.
Após as instruções o grupo, em fila indiana, divididos por equipes mistas se dirigiu ao interior da mata, próximo a uma pequena piscina artificial de águas cristalinas. São três no total no parque, que recebem água abundante da fonte situada mais acima da mata. A região do Cariri possui dezenas de fontes de águas cristalinas que abastecem os balneários naturais e artificiais nas localidades próximas. Um dos mais conhecidos é o balneário do Caldas (também em Barbalha) cuja água da sua fonte principal têm propriedades curativas.
Os momentos seguintes foram divididos entre os banhos da piscina, recreação em equipes e exploração ao parque. Primeiros os desbravadores participaram de um jogo em equipe. Eu coloquei uma corda em forma de triângulo e uma equipe em cada canto por dentro. Afastados um metro e meio do triângulo estavam deliciosos bombons de chocolate "sonho de valsa" e o desafio era em equipe puxar a corda até o bombom. Depois de muito suor e da participação de todos (como meu filho de seis anos) testamos a força da diretoria do clube. Muitas gargalhadas e lições sobre a força do trabalho em equipe foram tiradas da dinâmica brincadeira. Como havia apenas um bombom para cada equipe, os membros tiveram que dividir a guloseima com todos seus companheiros.

O banho foi liberado e a alegria aumentou. Pessoalmente brinquei bastante com Lohan (meu garoto) na piscina. Um banho relaxante, dosado com humor e amigos realmente tem poder de desestressar. Vi crianças e jovens sorrindo, jogando voley na água, lançando jatos de água um no outro e outras travessuras dentro d’água.

Na hora do lanche outro momento inesquecível: dividir o lanche com amigos é muito divertido e gostoso também. Parece que a comida fica mais saborsa e sempre comemos um pouco mais. As ofertas surgem a granel. Eu e a esposa conversamos muito com a jovem Monalisa, Dílson, Jota Santos, Ivam e sua noiva Ana Lúcia, relembrando antigas aventuras e planejamos outras para o futuro. A amizade é fortalecida por esses momentos. Se você quer conservar os verdadeiros amigos cultive hábitos como esse, investindo pouco dinheiro e lucrando alegrias duradouras.
Cerca de uma da tarde nos dirigimos para a última atividade. Com os desbravadores reunidos, falamos sobre a visita que iríamos fazer a Pedra do Morcego. Essa formação rochosa do parque é também conhecida como a pedra do Cangaceiro porque Lampião e seu bando usarem-na como refúgio em viagens pelo local. Falei sobre a importância do silêncio para aproveitarmos a última atividades. Fiz um teste com eles, distribuindo alguns brindes para aqueles que respondessem perguntas com base em observações que deviam ter feito durante o dia.
Uma das perguntas que fiz foi qual o nome do pássaro raro que habita a floresta do Araripe e o parque riacho do Meio? Soldadinho do Araripe, respondeu um desbravador. Ele havia prestado atenção na placa de entrada do parque que informa que essa espécie rara de pássaro, descoberta a poucos anos, só é entrada na floresta do Araripe. Como queria gravar a lição espiritual na mente deles, pedi silêncio absoluto durante a trilha. Deixem que a natureza fale agora, disse, e interagem com Deus através da sua criação.

Saímos em fila indiana e, após encontrarmos a segunda piscina na trilha, fizemos um semicírculo encima das paredes de pedra da piscina. Nesse momento, encima de uma pequena bica que enchia a piscina, abri a Bíblia para aqueles juvenis. Disse que, em alguns minutos iriam conhecer a Pedra do morcego e, enquanto estavam com os pés encima de pedras, não esquecessem a mensagem que iam escutar.

Li o texto de Atos 4:10-12: "Tomai conhecimento, vós todos e todos os moradores de Israel, de que, em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentro os mortos, sim, em Seu nome é que este está curado perante vós." Falei para eles como Jesus pode curar todas as nossas doenças (físicas e espirituais) como havia feito com o coxo do templo. "Este Jesus é pedra rejeitada por vós os construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos." Falei sobre a Pedra que é Jesus e que ao olharem os pedras e rochas do parque, não esquecessem que a verdadeira rocha é Jesus.

Aconselhei os desbravadores construírem sua vida espiritual sobre a rocha, e ela nunca ruiria. Disse ainda que, na natureza, quase tudo não resiste à ação do tempo, da erosão e do desgaste. As águas se forem poluídas podem secar; as árvores se cortadas se acabam, o solo pode mudar com o tempo e os desgastes, mas as rochas são duráveis. Elas, no meio da natureza permanecem estáveis por séculos. Assim é Jesus, "o mesmo ontem, hoje e sempre."

Enfim subimos até a Pedra do Morcego, onde tiramos boas fotos e fizemos umas tomadas também. Depois da trilha voltamos para a entrada do parque, onde conversamos agradavelmente enquanto esperávamos o carro. Pensei que a volta o grupo estaria cansado, mas estava enganado. A animação foi igualzinha a partida. Quando me despedi, pude dizer "foi bom passear com vocês".

OBS: As fotos acima mostram as Unidades de Geoparks no mundo e o Geopark Araripe.

Ribamar Diniz (Bacharel em Ciências da Religião e estudante de Teologia na Universidade Adventista da Bolívia).

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